-Estes são trechos da entrevista com Xinran Xue , a mais influente escruitora chinesa, onde conta novas histórias de abandono e solidão numa China ainda obcecada pela política do filho único -
"_Em 20 anos de pesquisa, conheci muitas mulheres, mas escolhi entrevistar as que vivem no campo para entender o que aconteceu na China desde a predominância da população no meio rural até sua migração para as cidades. É muito difícil dizer qual delas me tocou mais porque todas foram uma grande lição pra mim. Cresci na cidade grande, era muito ingênua, mesmo aos 30 anos. Achava que todos na China viviam como eu vivia. Depois que conheci essas histórias, elas ainda me causam pesadelos. Na noite passada, acordei às 2 da manhã com a imagem da garotinha que vi sendo abandonada pela família na estação de trem. Ela devia ter 1 ano e meio, era quase meia-noite, não podia acreditar naquilo. Acordei pensando: "Será que sobreviveu?"...
"_Ela não é disso. Aos 52 anos, Xinran está em turnê para divulgar dez histórias de mulheres chinesas que penaram sob a lei que valoriza quem tem um filho homem e inferniza quem insiste em criar uma menina. Devido à restrição, milhões de garotas ainda são abortadas, outras são afogadas em penicos, outras nem chegam a se desenvolver no útero depois de um ultrassom certeiro e cerca de 120 mil são adotadas anualmente mundo afora, enquanto mães biológicas tentam o suicídio para sufocar o remorso. Às que resistem, resta pedir a Xinran que oriente as mães de nariz grande (as mulheres ocidentais) para que carreguem seus bebês apoiados no braço esquerdo, "assim a menina ficará mais perto do coração". Xinran, ela própria, mal conviveu com os pais, que a deixaram aos cuidados dos avós. Mudou-se para Londres, onde mora com o filho, de 21 anos, e o marido inglês, também seu editor. O acordo entre os dois é mudar a História. De que forma? Dando voz às vítimas e aos perdedores. E também às mulheres"
Fonte - Jornal O estado de S.Paulo- 14/03/2010 .
A BOA NOTÍCIA : DEPOIS DE 82 ANOS, UMA MULHER É PREMIADA PELA ACADEMIA (prova que ainda em países "civilizados", nós, mulheres, ainda temos que continuar nossa luta ):
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